23:36h. mais um dia concluído.
preenchi todo o meu dia da maneira que eu pude, como tenho feito todos os dias,
desde aquele domingo em que eu te apaguei da minha vida.
mas quem eu quero enganar agora?
são 23:38h.
estou sozinha no meu quarto,
as luzes da cidade já se apagaram, a maioria das pessoas já foram dormir.
posso te confessar baixinho,
só com o barulho das teclas do meu notebook, que eu não te esqueço nem por um minuto?
apaguei nossas conversas, seu número, suas fotos, mas você...
ainda me lembro perfeitamente do seu rosto oval, com a testa grande e entradas como quem vai ficar calvo.
sei de cor o tom do azul dos seus olhos.
ainda sei onde termina o loiro escuro do seu cabelo, começa o grisalho e, começa o loiro escuro de novo.
me seguro para as lágrimas não caírem porque é difícil admitir isso.
é difícil ser fraca assim.
e é pior ainda é ter que aceitar que tudo tenha que ser dessa forma.
eu já tinha imaginado mil coisas para nós dois.
coisas que a distância dificultaram de realizar.
mas por que eu vou culpar a distância?
a culpa é nossa.
23:41h.
você deve estar dormindo. está!?
I should know!
eu deveria saber!
23:42h aqui. 04:42h aí.
será que você passou essa noite em claro?
quando acordar, vai olhar o celular e sentir falta de uma notificação minha?
não terá.
porque foi assim que escolhemos ser. e é uma pena!
agora estamos desse jeito: sem saber nada sobre o outro.
eu aqui, escrevendo coisas que nunca chegarão até você.
esperando que seja a ultima vez.
eu não quero viver com saudades e nem quero isso pra você.
mas hoje,
só hoje
espero que você esteja com insônia, pensando em mim.
pensando em nós dois.
espero que esteja relendo nossas conversas,
que esteja revivendo o início
e que te doa na parte em que programamos nosso verão.
mas que amanhã tudo passe
pra você e pra mim.
e que continuemos nos enganando com falsos preenchimentos.
mesmo sabendo onde e como deveríamos estar.
nós sabemos.